2010/08/29

TANTO TEMPO E TÃO POUCO!...

(clic para melhor poder voar!...)
.
Não repararam nunca? Pela aldeia,
Nos fios telegráficos da estrada,
Cantam as aves, desde que o Sol nada,
E, à noite, se faz Sol a Lua-Cheia.


No entanto, pelo arame que as tenteia,
Quanta tortura vai, numa ânsia alada!
O Ministro que joga uma cartada,
Alma que, às vezes, de além-mar anseia:


- Revolução! - Inútil. - Cem feridos,
Setenta mortos. - Beijo-te! - Perdidos!
Enfim, feliz! - ? -! - Desesperado. - Vem.


E as boas aves, bem se importam elas!
Continuam cantando, tagarelas:
Assim, António! deves ser também.

Colónia, 1891
António Nobre

-
«Nós gastamos metade do nosso tempo a desejar coisas que poderíamos ter se não gastássemos metade do nosso tempo desejando-as» Alexander Woollcott

A frase mestra do blogue http://quantotempotemotempo.blogspot.com/ da minha "colega" e amiga "relógio-de-corda".A mais pura e cristalina das verdades!...

Na foto: uma pêga, creio eu. Apanhei-a a levantar voo das antenas da minha estação de radioamador. Já não usamos os sinais telegráficos (ou de morse) como no tempo de António Nobre.
A imagem, porém, pretende ter o mesmo significado que o célebre poeta conferiu à liberdade e despreocupação alada das aves em geral. Quem nos dera sermos capazes de atingir esse nível de elevação mental e sermos Livres de voar pela nossa vida!... 
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2010/08/27

Em Leiria, um painel impertinente

O cair dum dia de Verão, na cidade de Leiria. Jardim Luís de Camões.
Por quanto tempo mais teremos que suportar este painel?...

Nos anos 60 fui professor na então "Escola Industrial e Comercial de Leiria", actual Escola Secundária Domigos Sequeira...
(...)
Os meus 20 anos à descoberta da vida...
-
Foi ao leccionar "Técnica de Vendas e sua Publicidade" que me apercebi, em bom rigor, da diferença substancial entre as palavras propaganda e publicidade. Ou seja, no caso agora apresentado, estaremos a falar de propaganda (digamos mesmo, de propaganda política), de apelo à fixação da ideia de que termos entrado na Comunidade Europeia, foi o melhor que nos podia ter acontecido. Recebíamos Fundos Comunitários a rodos, só havia que os gastar. Digamos que em relação à aplicação que foi feita com o Programa Polis em Leiria, até podemos dizer que se conseguiu requalificar as margens do rio Lis, no trajecto citadino. 
De qualquer modo parece que fica óbvio que, nas circunstâncias de aplicação destes fundos, muito mais poderia ter sido feito por esse país fora, em prol da adaptação das nossas estruturas básicas à necessidade imperiosa do desenvolvimento económico e social da sociedade portuguesa, tendo em vista o premente interesse na aproximação aos ritmos de desenvolvimento dos restantes países da UE. 
Muito já se argumentou acerca da rentabilidade dos montantes elevadíssimos que foram aplicados em Portugal, ao abrigo dos protocolos estabelecidos com a Comissão Europeia. Muito mais haveria a escalpelizar.
No caso presente, aparentemente banal e simples de solucionar, parece-me estar só em causa o interesse político de se fazer alarde de que esses fundos foram aplicados e bem em favor das populações.
Nem que, para isso, se perpetue a "bodega" dum painel de enormes dimensões, azul como a bandeira da União Europeia, com muitas palavras que ninguém lê, mas que tapam a visibilidade dum Jardim tão necessário ao nosso equilíbrio emocional!


Vem isto a propósito (?!) do painel que se pode observar na segunda fotografia, tirada há dias, no Jardim Luís de Camões, em Leiria. Ando, seguramente há 5 anos, talvez mais, a criticar aquele painel de propaganda das Obras do Polis Leiria, colocado naquele local, a conspurcar a paisagem urbana da zona mais central e ajardinada desta cidade.
Não entendo as razões que poderão justificar a manutenção daquele painel, naquele sítio, durante tantos anos!...

Será que sou eu que sou demasiado crítico? Será que é imperioso ali estar aquele painel? Será que está ali a servir de pára-vento?!...



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2010/08/24

A tília hoje, um pretexto para falar de Torga e de 1947!...


Dizem os registos, consentem os meus pais, Daniel e Encarnação, e eu próprio, que terei nascido, como homem para viver no Planeta Terra, em 1947, na Beira Alta, mais precisamente em Viseu (no Casal, mesmo ao descer em direcção a S. Pedro do Sul).
Sem dúvida que a nossa ligação com a Natureza não pode ser mais íntima. Nós, humanos, somos uma parte da Natureza, será esta parte quantificável? A Natureza é o princípio (?) e o fim (?)de todas as coisas... tangíveis e intangíveis!?. Todas as coisas... finitas, infinitas?!...

Escrevia Torga, com data de 20 de Novembro de 1947:
"(...) A natureza não se pode negar em si mesma, e é circular. Começa sempre onde acaba."

Prosseguindo o seu Diário, naquela data, em Coimbra:
"Por lhe ter receitado inalações de flor de tília, o homem cuidou que eu atraiçoava o progresso. E conversámos longamente. Mas quanto mais ele complicava os seus raciocínios, mais eu simplificava os meus.
- E as sulfamidas, a penicilina, a estreptomicina? As aquisições técnicas, numa palavra? Antigamente andava-se de burro; hoje anda-se de avião...Estou a ver que o senhor é um grande idealista!
- Talvez - respondi a rematar a conversa. - Mas já reparou que é tal a necessidade que o homem tem de não perder o pé nos próprios delírios, que mede a força dos motores em cavalos? As sulfamidas, claro. A estreptomicina, claríssimo. Mas, para si, agora, nada disso interessa. O aconselhável, cientificamente, são flores de tília..."

Talvez um tanto teluricamente, fotografei, nos últimos dias, um pôr-do-sol do alto do lugar da Cumeira, freguesia da Barreira -  Leiria e as folhas e os botões das próximas flores da grande tília do Adro da Sé de Leiria, aqui mesmo no "meu" Largo da Sé. Para sempre, uma das referências importantes da minha vida!... 

Palavra de honra, quando fotografei este pôr-do-sol, pensei em Torga e nas suas fragas do Marão...E nas suas deambulações por Leiria, 1939 a 1941...
Entretanto, já cá ando nesta vida, descontente, umas vezes, outras feliz e contente, há mais de meio século e uma década!... 

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2010/08/21

Leiria: O encanto dum recanto da cidade

Da esquerda para a direita: padreiro, faia púrpura, liquidâmbar (a iniciar o seu processo majestoso de mudança de cor das suas folhas...)
 (clic nas fotos para melhor apreciar estas árvores benditas...)
O Padreiro, a Faia púrpura e a Alameda do Marachão 
O Liquidâmbar e a Melia azedarach no seu ondear enleado pelo Tempo...

Uma Catalpa. Na outra margem do rio Liz: um Bordo e um liquidâmbar a espreitar por entre alguns choupos.
Não me canso de admirar a beleza estonteante deste recanto de Leiria. Ano após ano. Quem tiver acompanhado este blogue, desde o já afastado ano de 2006, de certo que tem vindo a reparar na minha persistente paixão por este belo, direi mesmo, o mais admirável recanto da cidade de Leiria. Trata-se de um conjunto de árvores, variado, harmonioso, que se situa na alameda do Marachão, na margem esquerda do rio Lis, junto à antiga fonte de repucho do Jardim Luís de Camões.




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2010/08/18

LEIRIA E AS MURALHAS DO SEU CASTELO


Não concordo que se use a parte exterior do Castelo de Leiria, o ex-libris por excelência da cidade de Leiria, para se fazer publicidade de um espectáculo de música, ao nível dos Festivais costumeiros, nos últimos anos, por esse país fora.
A dignidade deste Monumento Nacional e a sensibilidade dos Leirienses e dos turistas que nos visitam deviam ser mais preservadas.

Sim senhor, façam-se lá os festivais que se entenderem, mas não se contribua para mais poluição ambiental e cultural do que aquela a que poderemos ser obrigados pelas contingências de desastres imprevisíveis. 
Penso que é indecorosa e indigna a forma visível na primeira foto, como um Monumento Nacional e de relevante interesse turístico/histórico, como é o Castelo de Leiria, está a ser utilizado para publicitar um evento festivaleiro como o visado.

Apoio a iniciativa mas não esta forma usada para a sua promoção!...
Em qualquer dos casos sempre vos digo que será de se comparecer até pela originalidade deste evento na região!...Ao fim e ao cabo, no Centro-Oeste de Portugal, poderemos dizer, um dos principais pólos irradiadores da nossa Portugalidade.
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2010/08/15

Leiria na rota da Cultura Chinesa

Na passada quinta-feira, nas instalações do antigo Banco de Portugal, onde actualmente funciona o Departamento de Cultura da Câmara Municipal de Leiria.
Palestra/conversa proferida pela Prof. Catedrática Jubilada pela Universidade Técnica de Lisboa, Prof. Dra. Ana Maria Amaro, que presenteou a assistência com uma exposição em tom coloquial mas admirável, subordinada ao tema "Do Misticismo à Diversão Popular - As sombras Chinesas!"
Muito se falou da ideia de sombra segundo a Cultura Milenar Chinesa e da sua utilização em espectáculos de Teatro, os chamados espectáculos sombra, muito utilizados para distrair a população chinesa e, em várias ocasiões, para mais facilmente se despertar a atenção popular para problemas e momentos de particular relevo, que interessava divulgar por toda a China. Foi com este tipo de espectáculos que já em tempo de República, nos anos 30, se apelou ao sentimento nacionalista dos Chineses para combater os invasores Japoneses, por alturas do princípio da época da II Guerra Mundial.
A sombra foi apresentada como uma ideia inicial de assombramentos, ao mesmo tempo que permitiu reforçar o conhecimento do polo oposto, a Luz, em contraste flagrante e sinónimo de vida. Como não seria de espantar foram os monges budistas que usaram primeiramente a ideia de sombra e a sua representação cénica para acentuar a divulgação de Lendas, da História e para realçar, duma forma drástica, as diferenças fundamentais entre o Ocidente, essencialmente mercantilista e a Grande China, mais ideológica e orientada pela reflexão profunda dos seus mentores.


............................ (...) Ergo o meu copo
......................................( e convido a lua
............................ A minha sombra
............................ (projecta-se diante de mim.
............................ Assim, já não estou só.
............................ Somos três a brindar! (...)
No final a Prof. Dra. Ana Maria Amaro obsequiou os presentes com um CD com os diapositivos que usou na sua conferência. Uma verdadeira bênção, para quem gosta de apreciar com vagar e serenidade, uma matéria tão interessante e, ao mesmo tempo, tão distante nos seus pormenores, do vulgar cidadão do mundo não Chinês. Claro que veio à ribalta, a ligação íntima que nós, Portugueses, tivemos com os Chineses, através da nossa permanência em Macau e, a propósito assinalou-se o facto de terem, entretanto, decorrido dez anos desde que a Administração Portuguesa daquela parcela ínfima da China foi tranferida para os seus naturais.
Nos agradecimentos, a Dra. Ana Amaro destacou a actuação interessada e simpática da Câmara Municipal de Leiria e a Fundação Jorge Álvares.
-
NOTAS:
1- Para quem tiver interesse em obter um CD com os diapositivos (que a Dra. Ana Amaro cede com a toda a sua boa vontade) basta que contacte o autor deste blogue ou o Pelouro da Cultura da CMLeiria;
2- Também tivemos oportunidade de observar em mão, papel original feito de arroz e com desenhos chineses pintados à mão; o mesmo para figuras usadas nos espectáculos de sombra, feitos em pele de burro, e devidamente trabalhados e articulados;
2- Esta conferência enquadrou-se nas actividades relacionadas com a exposição patente no Edifício do Banco de Portugal "Macau: Encontro de Culturas".
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2010/08/11

S. Pedro do Sul, Verão infernal de 2010


(clic para ampliar e melhor apreciar a pintura)
Aldeia e serras, em S. Pedro do Sul
Nestas horas dramáticas que se vivem em Portugal, particularmente nas serras e aldeias da zona de S. Pedro do Sul, com o fogo a consumir toda a vegetação e haveres pessoais das populações serranas da Arada, Gralheira e limítrofes, socorro-me da pintura acima, da autoria de Ney Tecídio (*), "Aldeia e serras, em S. Pedro do Sul", para, de alguma forma, poder ajudar a confortar a alma dos que tanto amavam toda aquela bela e transcendente solidão dos penhascos e penedias emoldurando todo um cenário paradisíaco de deslumbrantes manchas florestais e dum verde de gala a acompanhar o serpentear dos Rios Paiva e Sul.

Do Proémio do livro "para além do rio" de Arménio Vasconcelos, edição da Casa-Museu (agora Museu) Maria da Fontinha, 2004:
"...
Só quem conheça o Monte de São Macário, as Serras da Gralheira, da Arada, da Freita, do Montemuro, os Vales da Paiva e do Sul, poderá melhor compreender o poeta e os temas preponderantes da sua poesia."...

Daqui quero endereçar toda a minha solidariedade e sentimento de pesar pela perda infinita que este pavoroso incêndio provocou às pessoas daqueles lugares e ao Dr. Arménio Vasconcelos em particular, dado o seu inequívoco amor que devota àquela região.
A foto do quadro acima representa uma cópia do quadro original incluído no acervo de obras do Museu Maria da Fontinha(aqui) de que o Dr. Arménio é o seu Fundador e Director, localizado precisamente naquela área. Das istalações do Museu e arredores podem avistar-se todas as serras já referidas, ao fundo o vale da Paiva, cujo rio lá segue, misterioso mas prazenteiro, tenho fé que não perca essa sua alma...

nb: a foto (excerto do original) que ilustra o ambiente do fogo florestal acima referido foi retirado da Net.
(*) Artista plástico de talento multifacetado. Nasceu em Brasília e vive no Meier, Rio de Janeiro (em 2000). Casado com a também pintora, Haidê Morani e irmão do falecido Óscar Tecídio. Conquistou Prémios e Honras, incluindo viagens pelo Brasil e à Europa, tendo passado por Portugal. Discípulo de Rodolfo Chambelland, Mário Machado Portella e Gerson Azeredo Coutinho. É membro da Academia Brasileira de Belas Artes, titular da Cadeira nº 26. Está classificado em enciclopédias, dicionários e anuários. Em 1996 foi.lhe atribuído um Voto de Louvor pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pela dedicação com que exerceu as suas actividades culturais. Representado no Museu Maria da Fontinha com cerca de sessenta Obras (vide págs. 17, 27, 59, 65, 73, 131, 233, 269, 281, 283 do livro supra-citado).

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2010/08/06

NESTA NOSSA DOCE LÍNGUA DE CAMÕES E DE AQUILINO




Prof. Dr. José Augusto Cardoso Bernardes
Prof. Dr. Fernando Paulo do Carmo Baptista (Autor)

Teve lugar, ontem, dia 5 de Agosto, no Casino da Figueira da Foz, uma sessão de apresentação do extraordinário livro "Nesta nossa doce língua de Camões e de Aquilino". Na mesa perfilaram-se o autor e diversas outras personalidades ligadas ao mundo das Artes e das Letras e, particularmente, ao mundo Académico na área da Língua Portuguesa.
Libânia Madureira coordenou a sessão.


Do texto de apresentação (da autoria de Libânia Madureira) da obra e do seu autor, Dr. Fernando Paulo Baptista, permito-me retirar o seguinte excerto:


A apresentação mais «académica» e mais «protocolar» do livro — «Nesta Nossa Doce Língua de Camões e de Aquilino» —, será feita pelo Senhor Professor Doutor José Augusto Cardoso Bernardes, Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que fez os seus estudos básicos e secundários nas escolas da Figueira da Foz e é natural da vizinha e simpática freguesia da Brenha. Trata-se de um Académico dos mais brilhantes da Universidade Portuguesa, detentor de um vasto e invulgar curriculum como investigador e como docente da área dos Estudos Literários.

Para nos falar ainda do Autor, teremos os testemunhos da Professora e Escritora, Dra. Maria Isabel Loureiro, com inúmeras publicações didácticas e histórias infanto-juvenis, do Senhor Presidente da CM de Sernancelhe, Dr. José Mário de Almeida Cardoso, e do Dr. Arménio Vasconcelos, Advogado, Presidente da ACLAL (Academia de Letras e Artes Lusófonas), Museólogo e incansável Promotor do Espírito Lusíada e Universalista e da Causa da «Lusofonia», com uma vasta obra poético-literária e cultural já publicada.
  
“Um livro é um mudo que fala,
um surdo que responde,
um cego que guia,
um morto que vive”

Padre António Vieira

Breve apontamento sobre o Livro «Nesta Nossa Doce Língua de Camões e de Aquilino»

“Para falar ao vento bastam palavras.
Para falar ao coração, é preciso obras”

Padre António Vieira

«Trata-se de uma obra dedicada à causa maior da nossa Língua Materna, da Língua que é partilhada pela Comunidade de Países e de Povos que se exprimem em Português — a CPLP — e por todas as comunidades migrantes da «diáspora» lusíada, multicultural e multiétnica, espalhadas pelas sete partidas do mundo.
E é a esta língua (que aprendemos desde o berço, ao colo de nossa Mãe) que, segundo o autor (ver o seu prefácio, pág. 18), «devemos a mediação das aprendizagens de efectivo potencial (in)formativo, cognitivo, significante e expressional que estruturam e modelam, a nível cultural, sapiencial, hermenêutico e comunicacional, o nosso modo de ser e estar, de pensar e agir, de sonhar e realizar, de par com a construção da nossa «visão do mundo», dos nossos «mapas mentais» (mind maps), das nossas «matrizes» gnosiológicas e metodológicas, dos nossos «arquivos memoriais», da nossa «enciclopédia» interior e do nosso «capital simbólico» e, de um modo muito especial, dos «campos» gerativos e alimentadores das nossas práticas de oralidade e de escrita, em todas as suas configurações modais».

Pela minha parte não posso perder esta ocasião para declarar a minha mais profunda admiração pelo extraordinário brilhantismo com que o Prof. Dr. Fernando Paulo tem presenteado as audiências em que me integrei já por duas vezes, ao expor com o entusiasmo que se pode observar na foto cimeira, ao centro, os mais variados e complexos aspectos relacionados com o culto científico da Língua Lusíada. 

Mais não vou, aqui e por esta via, acrescentar, o que, de qualquer modo, só o poderia ser a título de nota de reportagem, que a mais não me atreveria.
A não ser referir, por ser de justiça, que o pintor dos quadros expostos em fundo, na Mesa desta sessão, é Viseense e chama-se Alcídio Marques.
Finalmente:
Porque o actual Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, Dr. José Mário Cardoso defende o princípio, aparentemente tão basilar, mas que o actual contexto sócio-político essencialmente alicerçado nas doutrinas mercantilistas e neo-liberais tem vindo a secundarizar, de que "a Ignorância fica mais cara que a Cultura", assim a Câmara daquele concelho de Coimbra, acabou por inscrever no seu Orçamento uma verba destinada ao patrocínio da edição duma obra literária do gabarito desta que acabámos de presenciar.


Muitos parabéns, ao Autor, pela sua pertinácia na defesa dos princípios fundamentais e divulgação da Língua Lusíada, e à Câmara Municipal de Sernancelhe por ter editado esta obra de excelência e que tão bem promove Aquilino Ribeiro e a sua superior participação na edificação deste mundo ímpar que é o Mundo Lusófono. 
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2010/08/04

FOTOGRAFIA: modos de olhar, ver e sentir...

Olá! Muito provavelmente sou descendente dum gato de D.Afonso Henriques...
vivo aqui no sopé do monte do Castelo de Leiria!... 
Olhem o meu olhar!... Que me dizem?


Há quase 50 anos a fotografar...
Hobby
Reportagem
Poesia
Crónica
História
Ensaio
Companhia de uma vida!...
-
O FOTOGRAFO

Dificil fotografar o silêncio
Entretanto tentei .Eu conto:
Madrugada a minha aldeia estava morta.
Não se ouvia um barulho,ninguem passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã.
Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
Fotografei o perdão.
Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa.
Fotografei o sobre.
Por fim eu enxerguei a nuvem da calça.
Representou para mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakovski - seu criador.
Fotografei a nuvem na calça e o poeta.
Nenhum outro poeta no mundo faria uma roupa mais justa para cobrir a sua noiva.
A foto saiu legal.

Manoel de Barros,2000.

in http://forum.brfoto.com.br/index.php?showtopic=8883
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2010/08/02

A sombra


A Sombra

É como me sinto
Uma sombra
ensombrada
pelo tempo
que passa
sem tempo

Uma sombra
assombrada
pelo tempo
fugidio
descrente
no fundo do rio
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