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2007/10/07

A Voz das Árvores


"A minha árvore - a árvore com que eu tinha crescido e cuja companhia, pensava eu, me acompanharia ao longo dos anos, a árvore sob a qual, pensava eu, cresceriam os meus filhos - tinha sido arrancada. A sua queda arrastara consigo muitas coisas: o meu sono, a minha alegria, a minha aparente despreocupação."
Enquanto leio, recordo com amargura:
2000 - Abate à falsa-fé, de todas as árvores do Largo da Sé, Leiria. Revolta. Insurreição com artigos nos jornais. Abateram os acer pseudo-plátanos (padreiros), habitat de milhares de pássaros de todas as espécies e chilreios, que nos animavam a alma, ao fim do dia.
2002 - Abate dum Freixo centenário, junto ao Rio Lis, para lá ser colocado um relógio gigante, para se fazer a contagem decrescente do Programa-Polis, em estrutura horrível em ferro, pesadíssima. Para nada. Não serviu para nada.
2005 - Abate duma árvore-do-ponto, centenária, no Jardim Luís de Camões, para que se pudesse seguir à risca o desenho dos paisagistas de gabinete.
2006 - Queda (por negligência criminosa) de duas tílias prateadas (tília tormentosa) de grandes dimensões, companheiras amigas de várias gerações, no jardim Luís de Camões.
(O texto transcrito acima faz parte do livro reproduzido na imagem. Dramático e chocante...)
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2007/02/07

Futurismo incompatível com preservação da Memória passada?

A requalificação da zona do Rio Lis, em Leiria, entre S. Somão e o Arrabalde da Ponte (d´Aquém e d´Além, segundo a toponímia tradicional) passando pelo Jardim da memória da cidade, o de "Luís de Camões", está em fase de acabamento. Parece que se vai proceder, já em Março próximo, à inauguração destas obras, com a presença do nosso Presidente da República. São de grande envergadura, sem dúvida! E assumem maior realce ainda, num tempo de vacas magras como o que vivemos. Diz-se e sente-se, pelo menos alguns de nós.
É justo, entretanto, referir-se que este projecto já está em curso há anos, estando devidamente orçamentado desde então. Trata-se dum projecto no âmbito do Programa Polis "Viver Leiria". Mas como, de permeio, se meteu o Euro2004, as obras só agora (iniciaram-se em princípios de 2005) é que avançaram.
Não sei se a situação que aqui fica retratada terá sido tão notada como isso. Os Leirienses não me parecem ser lá muito bairristas, mas a mim, que sou Viseense de nascimento e tão Leiriense como os que o são, não me passou despercebidamente. E chocou-me, tenho que o dizer.
Esta foto foi tirada em 18/9/2006 do interior do dito jardim de Luís de Camões, na direcção do Castelo de Leiria. A árvore(*), de grande porte, que se vê, em parte, no lado direito da foto, foi abatida há dias. Não me chegou ao conhecimento qualquer informação das razões justificativas de tal iniciativa. Estaria velha? Caquética? Carcomida pelo tempo? Ou deu jeito para se poder seguir a rigor o traçado do projectista?
Aliás, também me chocou bastante o abate de dois choupos emblemáticos, de alguma monumentalidade e, certamente, observadores que foram de muita história da cidade de Leiria. Estavam eles localizados no sítio onde hoje ficou implantada uma bifurcação/confusão no Largo do Papa Paulo VI.
Coisas de certas requalificações em que, por oposição, se desqualificam aspectos que já nos/me estão a desestabilizar emocionalmente!
Contradições?! Esta requalificação, em sede de projecto Polis, tem obras de vulto, sem dúvida, dizem uns que muito irão beneficiar o bem-estar de quem vive e de quem visitar Leiria, outros dizem que nem por isso, outros que se sentem ao mesmo tempo expectantes e ansiosos...
Que têm dado nas vistas, lá isso têm! A ver vamos o resultado final!
Notas complementares:


(*) Esta árvore estava identificada no "Atlas das árvores de Leiria" (ed. 1992) do seguinte modo:

(A foto que ilustra o abate desta árvore é da autoria de janu)

Liriodendron tulipifera
Nome Vulgar:
Tulipeiro, árvore-do-ponto
Família:
MAGNOLIACEAE
Género:
Liriodendron
Nome científico:
Liriodendron tulipifera

Observações:
Em Coimbra, os estudantes chamaram-lhe árvore-do-ponto, porque dá flores pela altura dos exames.



- Tenho que o repetir. Se não foi por motivos de morte natural qual a razão justificativa para se proceder a este abate? Ir-me-ão responder, porventura, que terá sido por necessidades imperiosas do programa polis. Mesmo que assim seja, algo terá sido muito mal ponderado. Não posso conceber que se abata uma árvore destas somente porque o projecto nem sequer teve em consideração a sua existência e o natural interesse ornamental e sentimental para as pessoas que vivem em Leiria, quantas, há décadas, habituadas à sua silhueta e beleza.



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