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2012/06/04

Memórias


(...)
A minha memória é um país
        onde houve uma janela
                 e à janela um sonho
                    e ao sonho um homem
(...)

José Carlos de Vasconcelos
tempo de elegia
Maio de 1971
-
Nota do autor do blogue:
A minha memória é a família...
Estou é a tentar arrumá-la, a memória, propriamente dita, como um componente imprescindível do ser vivo, do homem particularmente...
O que não significa que, transpondo para o estado atual do nosso país, não me sinta como o poeta transcrito.

2012/04/08

Cristo Ressuscitou...


A sua voz estridente
Todas as notas
conseguia alcançar
No fundo do povo
a minha mãe contente
Era ouvi-la a cantar...

Já o nosso redentor 
Ressuscitou, ressuscitou
Ressuscitou
Como disse Aleluia
...
Estas imagens reportam-se aos anos 50, a aldeia cheia de movimento, de vida, o chão à soleira das portas atapetado com as plantas e flores da época, as famílias a juntarem-se, algumas dezenas de membros, a minha avó Neves
(olá Nevitas; é a minha prima que está no Brasil e gosta de andar pelo Facebook, beijinhos a toda a tua prole Brasileira) 
as minhas tias Céu, Judite, ... os meus tios por parte do meu pai, o meu padrinho Serafim 
(onde estás, padrinho? não acredito que estejas naquele sítio aquartelado a que chamam cemitério, apesar de lá ter sido depositado o teu corpo, ainda não há muito tempo)
- toma lá 20 escudos, é o teu folar
o Casal da minha meninice, ainda envolto na áurea mítica da minha terra, das minhas raízes, dos carros de bois a chiar, 
- anda lá, Ramalha, raios de partam, Castanha
, o meu tio Ramalho a arengar, dos caminhos cheios de regos e pedras com os sulcos feitos pelo tempo e água das chuvadas e pelas rodas protegidas com anilhas de ferro forjado, entre os campos, delimitados por muros baixos de pedra da serra.

A minha mãe, Encarnação, toda devota dos santos e Santíssimos Deus Pai, Deus Filho e Espírito Santo, um sonho irrealizado, que era eu vir a ser padre, que conseguiu a proeza de criar 5 filhos (amigos como deve ser),  4 afastados uns dos outros, no tempo, 2 anos, hoje a escada será mais ou menos assim, eu com 65, a Lourdes com 63, a Sildina com 61, o Victor com 59 (vai fazer 59 no mês...) e, já fora de controlo, a Isabelita, 18 anos mais nova que eu, prof. dra. na Universidade de Coimbra, uma sumidade, não se deixem convencer com o seu ar e modos de menina tímida, ela própria já com duas filhas médicas, notas a rebentar a escala...
...
Depois conto isto tudo e muito mais quando escrever as minhas memórias, é que assim, num repente, fica muita coisa de fora, muita gente, muitos acontecimentos, muita saudade!...
...
(antes de revisto; escrito com o coração e a emoção do momento)
@as-nunes

2011/07/23

Agora que me lembro


canon pc 1560; vel.obt.: 9,31; df: 311 mm; f/5; iso 125
(clic para ampliar)

Há FOGO na Sra. do Monte!

Nesse terrível Agosto de 2005
O fogo bravo, lavrava

À varanda, deste lado
Incandescente, bramava
O malvado
A rir das angústias
Do Povo, 
Cansado, 
Arrasado...


E rugia 
Qual rufia

A paisagem, 
De verde e fantasia
Em fumo e cinzas
Jazia, 
Vazia...


Queria voltar a Olhar
E ver, do lado de cá, da Barreira
Aquele Céu e aquela Terra
A sorrir daquela forma altaneira
Que tanto me faziam sonhar
E amar
A Natureza, a Vida, Deus!


Até outro Tempo, Sra. do Monte!
Que seja p´ra melhor
P´ra pior já basta assim...


António S. Nunes
Março de 2006

2011/02/20

LEIRIA: Vila Maria, para memória futura




Vim viver para Leiria em 1966. 
A cidade tinha um núcleo urbano central, a actual Zona Histórica, e mais uns quantos aglomerados urbanos, vivendas familiares e muitas Quintas, à sua volta.
Passados estes anos todos, Leiria está transformada num grande centro urbano, a deslocar-se duma forma nítida para a zona do actual "Shopping Center", ao mesmo tempo num infernal entroncamento de Auto-estradas e Itinerários Complementares, que está a alterar drasticamente o equilíbrio ambiental desta área, zonas de floresta e os vales do Lis e do Lena praticamente engolidos por estruturas megalómanas de betão e  alcatrão.
Entretanto, muitas edificações típicas, características duma época, foram abandonadas umas, transformadas em blocos de apartamentos incaracterísticos, outras. 
Dir-se-á: alterações próprias da evolução das cidades das últimas décadas. Está claro, mas teremos que nos render tão dramaticamente à ocupação dos terrenos com tão grande impacto ambiental?


Além disso, também é verdade que, a nós, os que vivem a cidade desde há mais de 30 anos, começam-nos a faltar muitas referências desses tempos passados. 
Só por isso, de vez em quando, vou deixando aqui algumas reportagens das quintas e vivendas/vilas que marcaram a Leiria de outra era. 
Saudosismo?
Talvez!
(Copyright ©as-nunes)
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2009/01/25

LEIRIA - O Eco Silencioso

Da Praça da República, em Leiria, recordando memórias...

João Lobo Antunes no decorrer dO encontro com os leitores de Leiria do seu livro "O Eco Silencioso".
Ideias soltas que consegui memorizar (durante quanto tempo, se não as escrevesse para este meu blogue?):
1 - Temos a obrigação moral de ser inteligentes (aconselhável a leitura do discurso de tomada de posse de Obama, novo Presidente dos Estados Unidos);
2 - A Educação é um instrumento da Felicidade, não a Felicidade em si;
3 - A Educação fácil não prepara as crianças para a Vida;
4 - Citando Bernard Shaw: "O que é que a Posteridade fez por mim para eu me preocupar com ela?";
5 - Quem não sabe ensina nas escolas de Educação (...JLA pede desculpa se alguém se puder sentir melindrado; uma senhora levanta-se e sai da sala, demonstrando estar incomodada. Melhor seria que tivesse contraditado, logo ali, digo eu!);
6 - Quem não estudou por livros não sabe o que perdeu;
7 - À guisa de justificação para o título deste seu livro aconselhou a leitura do último parágrafo do texto 1. Neste texto o autor aborda, duma forma pragmática, ao mesmo tempo filosófica, temas como a memória, os livros, as pessoas que o influenciaram, as instituições que lhe deixaram marcas na sua memória, o cerne da profissão de médico; invocando Santo Agostinho, termina: " De facto, nesta memória falada, a que responde, em silêncio, um eco interior, há algo de esquivo, de intangível, que me obriga a continuar a procurar como de facto a medicina me fez médico. Se algum dia o descobrir, talvez volte para contar".
-
(27jan2009) Já agora, que estamos em maré de falar de João Lobo Antunes: aqui , na revista VISÃO, pode ler-se uma apaixonante crónica em que António Lobo Antunes faz a apologia e mais que lá se pode ler do seu irmão João. (obrigado Milu).
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2008/02/07

Um roteiro Boa Vista - Leiria




clic para ampliar
Este roteiro corresponde a um percurso que faço diariamente, a bem dizer. Trabalho na Boa Vista e vou almoçar ao Largo da Sé, em Leiria. Por vezes - frequentemente - logo ao sair do parque de estacionamento do carro (um Rover de 1999 e é um pau...), antes de me dirigir para o meu destino, derivo à esquerda e faço um giro por aquela zona da cidade, Largo do Papa Paulo VI, Jardim Luís de Camões e parte restante do Largo 5 de Outubro de 1910, cuja referência arquitectónica é o edifício da antiga agência do Banco de Portugal. Para mim, esta zona de Leiria constitui um marco incontornável e duma nostalgia a raiar o infinito. É que me vêm à recordação os primeiros anos (cheguei a Leiria em 1966) em que passei a viver nesta linda cidade do Lis e do Castelo (quando não a põem em estado de sítio com obras sobre obras, buracos em cima de buracos, prédios em ruínas, árvores do Largo da Sé abatidas só porque tinham para aí uns 100 anos mas nem eram altas nem ameaçavam morrer...durariam mais um século com muitas probabilidades...). Nesta zona havia cafés, salas de chá e cervejarias sendo, por isso, o principal ponto de encontro dos habitantes da cidade. Lembram-se da "Lísea" (sala de chá e café), do separador central de relva, do outro lado o Jardim da cidade (o único na altura...pouco mais há a que se possa chamar verdadeiramente de jardim, zona verde em bosquete, de preferência...)? Lembram-se, os Leirienses, jovens dos anos 60, da festa que fazíamos quando por ali passava um amigo de carro? Tinha logo que parar, dar e levar notícias e, porque não, carregar a viatura com a malta que por ali estava no paleio e/ou a beber uns finos?...
Mas já me estou a afastar do tema deste post. Ou seja. O roteiro acima referido poderá ser assim descrito: 1) placa de sinalização toponímica quem vai pelo IC2 de Norte para Sul; 2) Uma acácia mimosa imponente, como não se vêm com facilidade, na Rua da Balcota (Este nome de rua deriva do nome dado desde tempos imemoriais a este sítio que era constituído por terras de amanho e pinhais), mais facilmente, na zona do planalto, mesmo ao pé dum jardim de infância; 3) Jardim Luís de Camões fotografado de dentro para fora, na extrema direita, uma ameixoeira de jardim, Prunus Pissardi, a iniciar a sua floração anual; 4) Pormenores da for da dita ameixoeira.
...
Bom, depois disto tudo, há que ir almoçar, que a Zaida, às vezes também a Inês e até o Bruno, já devem estar à minha espera,ou então, dada a minha demora, decidiram ser melhor não esperar por mim...
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2007/08/12

Centenário de Torga e Leiria

Hoje comemora-se o Centenário exacto do nascimento deste grande vulto das letras e da Cultura portuguesas do século XX.

É-me grato, em mais esta oportunidade, deixar aqui assinalado o facto de Miguel Torga ter vivido, embora por pouco tempo, em Leiria
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"Viveu em Leiria, na casa que existiu na Rua Comandante João Belo, que fazia esquina em frente à actual Casa Iglésias e onde exereceu a sua actividade médica." (conforme Boletim da Associação dos Antigos Alunos da Escola Domingos Sequeira - "Lucerna" e "Toponímia de Leiria" de Alda Sales, ed. da Junta de freguesia de Leiria).

Posso acrescentar que essa casa se situaria, em tangente com o Largo Marechal Gomes da Costa. Como curiosidade/coincidência, nessa mesma zona, está colocada uma estátua de Afonso Lopes Vieira, outro grande escritor/poeta, séc. XIX/XX, intimamente ligado a Leiria.
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"Estou a reportar-me ao primeiro volume do seu numeroso Diário, onde Torga registaria, uma semana após, a sua prisão deste modo:
Cadeia de Leiria, 30 de Novembro de 1939

EXORTAÇÃO

Meu irmão na distância, homem
Que nesta mesma cama hás-de sofrer:
Que nem a terra nem o céu te domem;
Nenhuma dor te impeça de viver!

A página seguinte do Diário – I já é escrita na cadeia do Aljube, em Lisboa, mas apenas a 6 de Dezembro. E, encarcerado pelo menos até 1 de Fevereiro de 1940, escreverá ainda cinco poemas (sempre poesia, é curioso, embora nos seus Diários predomine a prosa)."
(conforme Zé Oliveira (cartoonista do "Região de Leiria") aqui)
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«1939 …Edita “O Quarto Dia” d” A Criação do Mundo, um dos poucos testemunhos sobre a Guerra Civil de Espanha que em Portugal foram produzidos a partir de uma vivência in loco e publicados durante o conflito. A descrição crua de uma Espanha devastada pela luta fratricida e dominada pelo franquismo, e também uma Itália arrebatada pelos discursos de Mussolini, leva Miguel Torga às cadeias de Salazar. O livro é imediatamente apreendido, e o autor é preso em Leiria, e depois levado para o Aljube.... "
(conforme escreve José Pacheco Pereira aqui)
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A única evocação de Torga em Leiria consiste no nome duma rua, a Rua Miguel Torga, que vai da Rua da Fábrica do Papel à Avenida N. Sra. de Fátima, conforme deliberação da Câmara Municipal em 4 de Fevereiro de 1977.
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Duas notas dissonantes:

1) Não tive conhecimento de que em Leiria se tivesse evocado data tão significativa; afinal Torga, Dr. Adolfo Rocha, exerceu medicina, durante algum tempo, na cidade do Lis. Teria sido uma boa oportunidade para se dar relevo à sua ligação à cidade de Leiria. Um busto ao lado desta placa toponímica (requalificando este trecho da parede do prédio que se vê na foto), por exemplo, poderia ser uma boa forma de se homenagear tão emérito vulto da nossa história contemporânea.
2) Será que as cerimónias que tiveram lugar ontem, em Coimbra, a inauguração da Casa-Museu "Miguel Torga" e o memorial "Torga" na ponte de Santa Clara, precisamente no dia em que se completaram 100 anos sobre a data do nascimento do grande Torga, não mereciam maior atenção por parte do Governo de Portugal?

2007/04/08

Estado actual da blogosfera


A blogosfera está a morrer ou a evoluir?

Esta é a pergunta que o "público" coloca à discussão, no seu Suplemento "Digital" de Sábado, passado dia 17.
Acrescenta:
Muitos bloggers desistiram, mas a blogosfera não parou - evoluiu.
E remete-nos para a página 8.

Todos nós, os bloguistas, gostamos que os nossos posts sejam comentados, o que é perfeitamente natural, até para podermos aquilatar do possível interesse que os temas e informações que colocamos na Net despertam a quem nos lê. É gratificante saber que conseguimos integrar um grupo de leitores, normalmente eles próprios, também bloguistas, que nos lêm e nos vão incentivando a continuar, porque demonstram que apreciam o trabalho que estamos a apresentar, na esmagadora maioria dos casos, por simples gosto de partilhar, por carolice, enfim.

Nesta perspectiva, os autores deste trabalho do "público", esforçam-se por enumerar uns quantos conselhos a seguir pelos "bloggers" (expressão que gostam de utillizar) que, por os considerar de interesse, aqui refiro em títulos, para o caso de não ter tido oportunidade de ler o jornal:

- Os nomes são importantes
- Regularidade é bom
- Seja um bom vizinho
- Faça amigos
- Não seja tímido
- Tags e bookmaking
- Lembre-se do RSS
- Amigo dos motores de busca

Por mim, digo e repito: a minha intervenção* na blogosfera durará o tempo que durar o meu interesse e entusiasmo nesta maneira de estar em sociedade. Uma coisa é certa. Pela minha experiência das andanças pela Internet, seja através de sites propriamente ditos, seja através de blogues, constato que, desde que tenhamos o devido respeito pelos outros, todo o manancial de informação que vai ficando na Rede é útil e será, em mais ou menos casos, quantos com os quais nós nem sequer sonhamos, aproveitado pelos navegantes da rede global, sejam estudantes, analistas, investigadores, escritores, jornalistas, sei lá que mais.

"Todo o trabalho é Útil e Digno desde que executado com Carinho, Talento e Consciência".
* Escrevi uma resenha das minhas memórias de internauta de mais de uma década...(aqui)

2006/09/07

MEMÓRIAS da TERCEIRA

Desde sempre me habituei a ouvir a minha mãe falar da sua Terra. A suas memórias, como que em sonhos, a ser as minhas memórias! Eu “via” o Monte Brasil, o Porto de Pipas, a baía de Angra. Eu “via” o Relvão e o Castelinho. Eu subia, com a minha mãe, as escadarias do Jardim do Duque da Terceira, até à Memória. Eu “brincava” com ela no coreto
Eu “ia” com ela às touradas na praça de camarotes de madeira (lá para os lados da Madre de Deus), que voavam em dias de temporal…Eu “viajava” com ela até ao Raminho, terra dos seus queridos avós. Eu habituei-me a amá-los como ela os amava. Eu conheci-os, sem os conhecer: o avô José Garcia, alto e magrinho, sempre de calças pretas ou castanhas, camisa branca e colete; a fazer os seus cigarritos com o tabaco por ele cultivado. Cigarros que acendia com pedra de ferir lume e fumava continuamente; a avó Maria Cândida, baixinha e gorda, a cheirar o rapé que guardava em bocetas, algumas feitas de “castanhas do mar”…Eu “vivi” com ela as festas do Senhor Espírito Santo.
E ao fim de 61 anos pisei a terra da minha mãe! E não sou capaz de explicar o que senti! As minhas “memórias de sonho” tornaram-se realidade! E agora compreendo as saudades da minha mãe. Porque são as minhas saudades.
Como desejo voltar a ver-te, a sentir-te, Terceira, minha Terra, Ilha de encantos!...


Zaida