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2011/02/17

Muçulmanos: Xiitas ou Sunitas? Revolução geral?

http://dispersamente.blogspot.com/2006/08/iv-maom-e-o-islo.html

Seguindo este link pode ler-se o que em 2006 me decidi a publicar neste blogue a título duma possível síntese do que se deve saber sobre Maomé e o Islão. Ou seja, tentar perceber os fundamentos da orientação religiosa dos Muçulmanos. E da influência significativa que o Islão teve sobre a Civilização Global da actualidade, se é que assim nos podemos expressar. 


Hoje, está novamente na ordem do dia, debruçarmo-nos sobre esta questão para tentar perceber o que se passa nos países Muçulmanos na actualidade. Principalmente na zona nevrálgica do Islamismo: O Norte de África e o Médio Oriente.
Teremos forçosamente que olhar para as decididas manifestações populares que se têm verificado em países como a TunísiaEgipto, Iémen, Iraque, Bahrein, Líbia, Síria e assim por diante. Estamos na presença de movimentos de revolta contra Ditaduras de décadas e décadas, seculares bem se pode afirmar, protectoras de elites instaladas no poder sem que para isso o povo as tivesse mandatado expressamente através de eleições livres.
Já se fala na Revolução da Primavera Árabe.


Dentro do Islamismo retoma-se a velha discussão das duas principais tendências religiosas: os Sunitas e os Xiitas. Que, cíclica e localmente, se degladiam  tendo em vista a supremacia duma sobre a outra.


Afinal qual é a diferença notável entre  SunitasXiitas?


Sunitas


São os muçulmanos ortodoxos, isto é, a grande maioria dos fiéis do Islão.
O termo sunitas tem, essencialmente, a ver com o facto de serem seguidores fiéis de princípios teológicos e público-jurídicos que se regem pelo cumprimento escrupuloso da sunna (conjuntamente com o Alcorão), as acções do Profeta Maomé, tal como elas se revelaram desde os primórdios do Islão.
O Sunismo opõe-se às crenças e aos princípios dos Xiitas, na medida em que estes acrescentam outras compilações canónicas como a sunna dos doze imam e se assumem seguidores não só de Maomé mas também de Ali, seu genro, que casou com Fátima, filha de Maomé.


Xiitas


São os partidários da família do quarto califa, Ali, primo e genro do Profeta Maomé.
Os xiitas têm uma veneração superior pela família de Ali.
A característica fundamental que os distingue dos Sunitas tem a ver com o facto de que, enquanto estes só aceitam que a mediação com Deus é feita através do Profeta Maomé, para os Xiitas esta intermediação entre Deus e a comunidade é feita  pelo iman, posição  reservada a um seguidor de Ali, enquanto sucessor de Maomé, e chefe dessa mesma comunidade. 
Os Xiitas acreditam que Ali é o verdadeiro sucessor do Mensageiro de Alá. Ou seja, não renegam Maomé, mas partilham da convicção que a ligação a Deus continua através dos sucessores de Ali.


O problema que ficou por resolver entre os Muçulmanos é que não foi pacífica a aceitação de Ali como a referência fundamental na sucessão a Maomé.


Talvez que com esta breve revisão duma fase significativa da História Universal se possa melhor entender as razões que justificam o aproveitamento desta onda de contestação no mundo muçulmano-árabe para alguns ajustes de contas entre sunitas e xiitas.
(Copyright ©as-nunes)

2009/01/07

Deus e o Médio Oriente

(foto do jornal de distribuição gratuita "metro" de 6 do corrente mês de Janeiro)
Uma mulher e uma criança na faixa de Gaza sob ataque feroz e decidido de Israel contra os Palestinianos do Hamas. (?!). O problema é que as os canhões, as metralhadoras e os mísseis ainda não conseguem distinguir os combatentes armados dos civis indefesos.


É frequente ouvirem-se as pessoas questionarem-se acerca de qual das partes beligerantes neste conflito israelo-árabe tem razão. E assistimos a casos caricatos em que se tomam posições sem qualquer conhecimento de causa, parecendo mais que se está a tomar partido por uma equipa de futebol ou por outra. O assunto é muito mais sério e de extrema complexidade justificando uma análise profunda até aos tempos bíblicos de toda aquela zona do Médio Oriente.
Precisamente porque senti necessidade de me informar o mais correctamente possível, meti mãos a essa tarefa de estudar esta matéria com a maior profundidade que me foi possível.
Foi assim que, por alturas do conflito entre Israel e o Hezbolah (Líbano), publiquei esse trabalho - embora como simples amador, no entanto com a preocupação suprema de ser o mais preciso possível - nos artigos abaixo relacionados:
Talvez que possam vir a ser de utilidade para quem pretender recapitular a História do Médio Oriente, fundamentada basicamente e na sua essência, na questão religiosa daquela zona do Globo. Como é que se pode entender tantas divergências e tanto ódio entre povos da mesma região e com origens tribais, religiosas e bíblicas muito semelhantes. Se se tiver a preocupação de estudar aprofundadamente a génese de todas as religiões e povos originadas no Médio Oriente, impõe-se uma constatção geral: sim, pode chegar-se a um entendimento.

Por quê tanto radicalismo fundamentalista religioso e tanto sacrifício humano durante gerações sucessivas?

Será que teremos que viver eternamente sob os efeitos deste terrível "castigo" de Deus?...e dos homens (mais recentemente, no pós-II Guerra Mundial)?... Tanta brutalidade e fanatismo!

- Aconselho vivamente a leitura deste post (aqui) .Escrito pela minha amiga Alda com uma clareza e frontalidade que não me canso de propalar. Sem mesuras minhas...

Posted by Picasa

2006/08/10

IV - Maomé e o Islão

Em 476 d.C. o imperador do Ocidente Rómulo Augusto é deposto e termina o Império Romano do Ocidente.
Em 484 após peripécias várias consuma-se a ruptura entre as igrejas do Oriente e Ocidente que teve por ponto de partida oficial o edital de união o Henotikòn, que foi rejeitado por ambas as partes em conflito.
Mudemos a fasquia do tempo e situemo-nos entre 567 e 573, provavelmente em 570. Em Meca (Makka) nasce de Abd Allah e de Amina, Maomé (Muhammad) do clã Hashim da tribo dos Quaraysh.
Neste tempo, os Árabes tinham uma fé muito simples. Tal como os antigos Babilónios, adoravam as estrelas e também uma pedra que acreditavam ter caído do céu, que estava (e lá continua…) num santuário, o Santuário de Caaba, na cidade do oásis de Meca. Ainda hoje, os Árabes de todo o mundo, fazem peregrinações para irem lá rezar.
Desde muito novo que Maomé, a quem apelidavam de “Confiável”, mostrava muito interesse pelas religiões e gostava de conversar, não só com os peregrinos árabes que vinham ao santuário de Meca, mas também com cristãos que vinham da Abissínia, e Judeus, que viviam em grande número nas cidades dos oásis da Arábia. Nessas conversas o que realmente o impressionava era que todos esses peregrinos falavam dum Deus único, invisível e todo-poderoso. Em consequência, também ouvia falar de Abraão e José, de Jesus Cristo e de Maria.
Por volta do ano de 582, diz a tradição, Maomé, é preanunciado por um frade de nome Bahira como o Profeta que se avizinha.
No ano 610 d.C. Maomé recebe a inspiração divina para a primeira fase do alcorão. À terceira visão do arcanjo Gabriel, Maomé ficou a saber que ele era o Profeta através de quem Deus – Alá em árabe - ia dar a conhecer os seus desejos para a humanidade.
A nova religião que Maomé começa a pregar entre os Árabes é o Islão, que significa “abandono à vontade divina”. Os líderes tribais que guardavam o santuário começaram a ver em Maomé um adversário perigoso, razão pela qual, o Profeta acabou por se refugiar numa cidade noutro oásis, que mais tarde se haveria de chamar Medina, “a Cidade do Profeta”. Esta fuga ficou conhecida como Emigração – “Hégira” em árabe e aconteceu no dia 16 de Julho de 622 (calendário cristão). Os seguidores de Maomé passaram a contar os anos a partir desta data, começando assim a era muçulmana. (**)
Em Medina, Maomé explicou aos seus seguidores como Deus se revelou a Abraão e Moisés, como falou aos homens através da boca de Cristo e como o tinha escolhido a ele, Maomé, para ser seu profeta.
Deus único – Alá, revelado aos homens pelo Profeta Maomé, recompensa eterna para os justos, castigo eterno para os descrentes e maus e guerra santa contra os infiéis (jihad em árabe) constituem os fundamentos básicos desta religião, passados a escrito para um livro, que agora se chama Alcorão (ou Corão).
A descrição do Paraíso prometido aos seguidores da doutrina de Maomé é, de facto, uma maravilha irresistível para os crentes: (*)Maomé com as suas pregações ganhou enorme poder e prestígio, o que lhe permitiu organizar um exército com o qual derrotou e conquistou a cidade de Meca, da qual havia sido expulso.
Antes de morrer Maomé exortou os seus seguidores a rezar cinco vezes por dia, virados para Meca, a não beber vinho e a serem corajosos.
Maomé morreu em 632.
Os futuros representantes de Maomé eram os designados “califas”, os primeiros dos quais foram Abu Bakr e Omar, que se lançaram numa ofensiva vertiginosa em todas as direcções a partir de Meca. O zelo religioso era tal que os guerreiros árabes em pouco mais de 10 anos já tinham conquistado a Palestina, a Pérsia e o Egipto (que ainda fazia parte do Império Romano do Oriente, embora já muito enfraquecido). Este fogo religioso e militar avançou rapidamente da Pérsia até à Índia, do Egipto para todo o Norte de África.
A partir de 670, os exércitos árabes tentaram mas não conseguiram tomar Constantinopla, a antiga capital do Império Romano do Oriente. É nessa época que os Árabes conquistam as ilhas de Chipre e da Sicília, a partir de bases em África. De seguida, atravessaram para a Península Ibérica, que conquistaram aos Visigodos. O objectivo seguinte era tomar as terras onde hoje se situam a França e a Alemanha, que não foi atingido porque Carlos Martel, rei dos Francos, venceu duas decisivas batalhas, estávamos em 732, em Tours e em Poitiers. Se tal tivesse acontecido provavelmente hoje, na Europa, poderíamos ser todos muçulmanos.
Entretanto, este ímpeto expansionista Árabe, acalmou. A história continuou a seguir o curso dos séculos.

Sem dúvida que, em jeito de balanço sintético e apesar de todas as lutas sangrentas em que se envolveram em nome do Islão, muito do que é a civilização actual se deve à capacidade de síntese que os Árabes acabaram por demonstrar, fazendo o aproveitamento científico e cultural do que de melhor existia entre os povos que iam subjugando.
Resumidamente:
1) Os chamados arabescos resultaram do uso de belos padrões intrincados e entrelaçados de linhas de muitas cores, com os quais decoravam os seus palácios e mesquitas, já que a sua religião lhes proibia a reprodução de pessoas ou animais;
2) Com os Gregos aprenderam a coleccionar e a ler livros em vez de os queimarem. Traduziram para Árabe, os escritos de Aristóteles e, desta maneira, iniciaram uma autêntica revolução nas ciências; os nomes de muitas das ciências têm origem Árabe como a química e a álgebra;
3) Com os Chineses aprenderam a fabricar papel;
4) Durante séculos os Árabes contavam histórias de maravilha para transmitirem os seus conhecimentos e os factos e tradições da vida das suas Nações e tribos. Mais tarde passaram-nas por escrito. Quem não recorda a leitura das histórias de espantar do livro “As Mil e Uma Noites”?;
5) O sistema de numeração decimal que hoje usamos, em vez do sistema Romano (por exº 112 em vez de CXII) e que tantos benefícios trouxe ao cálculo matemático, devemo-lo aos Árabes que, por seu turno, o recolheram dos Indianos.

O rumo da história da humanidade levou a que os Árabes tivessem sido derrotados antes de conseguirem entrar na Europa Central, Oriental e parte da Ásia, mesmo assim conseguiram, através das suas conquistas que as ideias e os conhecimentos dos Persas, Gregos, Indianos e Chineses (através de prisioneiros de guerra) se reunissem numa cultura geral que muito veio beneficiar o homem.
Moral da história. Os conquistadores não conseguem governar para sempre mesmo em nome de Deus!


(*) Os Fiéis descansarão em grandes almofadas, reclinados e virados uns para os outros. Entre eles andarão mancebos imortais com taças e cântaros cheios de um néctar puro, que não produzirá nem dor de cabeça nem embriaguez. Lá haverá de todos os frutos, e carne de todas as aves, tanta quanta desejarem, e donzelas com olhos de corça tão belas como uma pérola oculta. Debaixo de árvores de lótus sem espinhos e bananeiras carregadas de frutos, a sombra prolonga-se e a água corre, e os Abençoados descansam. Os frutos estão a seu alcance e as taças de prata andam sempre a circular. Sobre si usam vestes de rica seda verde e brocados, adornadas com fivelas de prata.
(**) A era Cristã começou com o nascimento de Jesus Cristo.
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(continua: – O Médio Oriente no séc. XX e XXI)

@as-nunes

O Médio Oriente – Síntese Histórica

2006/08/07

III – Judeus, sem pátria


Como já foi dito, Jesus Cristo nasceu na Palestina, ocupada pelos Romanos.
Augusto reinou de 31 a.C. até 14 d.C.
Cristo foi acusado de querer ser o Rei dos Judeus e, por isso, por ser considerado um judeu rebelde e que não queria colaborar no endeusamento do César dos Romanos, foi condenado por Pôncio Pilatos a ser pregado numa cruz, o que constituía a maior humilhação para a época.
Esta cruz de vergonha e sofrimento passou a ser o símbolo do novo ensinamento e passou a ser anunciado através do Evangelho, ou Boa Nova (tradução do grego eu-angelion, ou Evangelho). Ter presente que os escritos que constituíam o Antigo Testamento já tinham sido levados para a Grécia e lá traduzidos.
Esta Boa Nova passou a ser a base do Cristianismo. Deus, que é Pai – símbolo de compaixão pelos pobres e oprimidos.
Este Deus único e invisível era o mesmo em que os Judeus já acreditavam antes de Cristo.
Por adorarem um Deus diferente que os próprios Césares dos Romanos, quer os Cristãos quer os Judeus passaram a ser severamente punidos pela lei Romana.
Alguns anos depois do reinado de Nero, estalou em Jerusalém uma revolta contra os Romanos. Desta revolta resultaram lutas sangrentas entre os habitantes de todas as cidades judaicas e as legiões romanas. Após vários anos de fome e cercos, os Judeus foram expulsos de Jerusalém (os que escaparam da crucificação e dos massacres), e assim começou a sua saga, espalhados pelos quatro cantos do mundo, ficando, a partir daí, sem pátria.
Mantiveram, apesar de dispersos pelo Mundo, as antigas tradições judaicas, liam a Bíblia e passaram a distinguir-se dos Cristãos pelo facto de manterem a crença que o Messias que os havia de salvar ainda não tinha chegado, o que acontece até aos dias de hoje.
Passaram a dedicar-se ao comércio e à finança, actividades em que se tornaram exímios e ainda hoje os destacam da maior parte dos povos.(1) (2)
Na Diáspora, tiveram que suportar muitos rancores e incompreensões, sofreram os horrores do fanatismo da Inquisição da Igreja Católica, foram expulsos e espoliados de Portugal e outros países e, mais recentemente, foram massacrados aos milhões pelos Nazis no decorrer da II Guerra Mundial. O Holocausto existiu!
A época pós II Guerra Mundial será tratada em capítulo destacado dado ser uma época determinante na evolução vulcânica de toda a zona do Médio Oriente actual e na orientação estratégica das políticas internacionais de vários países, com influência decisiva na vida económica, social e religiosa de toda a humanidade.
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(1) Tiveram mesmo de se dedicar a essas actividades, nos séculos passados, pois era-lhes negada a posse de quaisquer propriedades ou o exercício de profissões liberais; ademais, sendo forçados a viver em ghettos.
Alda Maia (ver comentário)
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(2)Também a prática bancária foi abraçada pelos judeus pelo facto de não estarem sujeitos às regras da Igreja Católica que proibia a prática da usura. Tal facto levou a que muitas vezes fossem vistos como aqueles a quem se devia dinheiro, facto esse explorado até à exaustão, por exemplo, pelas ideias racistas do século XX, nomeadamente o nazismo.
Portugal, depois da expulsão dos judeus, no reinado de D. Manuel I, não só expulsou o único grupo com capacidade económica para financiar os descobrimentos, como expulsou grande parte da elite intelectual do país e que tinha tido um papel fundamental nas viagens além-mar. Quem beneficiou com isso foi a Holanda, potência que, não por coincidência, se viria a impor no século XVII.
"Tozé Franco" (Ver comentário)
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Imagem acima:
O judeu errante, pintura de Gustave Doré
O Judeu Errante é um personagem mítico, que faz parte das tradições orais cristãs.
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(continua)

2006/08/04

II – O Judaísmo e a Palestina

A zona do Médio Oriente que com o decorrer dos séculos passou a chamar-se Palestina, foi, no princípio do segundo milénio antes de Cristo habitada por diversas etnias sedentárias designadas por cananeus. Mais a Norte, na Mesopotâmia (actual Iraque), na Síria e no Líbano, viviam, entretanto, povos semitas de variadas origens (Arameus, Amoritas, Caldeus).
No séc. XV a.C. tribos aramaicas instalam-se na região de Canaã (a Palestina) e dão vida à cidade que hoje se chama Naplusa. Esses povos passam a designar-se por “Ibrim(1).
Segundo narra a Bíblia (capítulo XII do Génesis) este acontecimento está directamente relacionado com o aparecimento de Abraão, vindo da cidade de Ur.
Muitos destes Hebreus prosseguem na caminhada até ao Egipto onde se sedentarizam em terras oferecidas pelos faraós e onde se cruzam com outros povos.
Por volta do ano de 1250 a.C. uma nova dinastia sobe ao poder no Egipto que acaba por reduzir os Hebreus à escravidão até que, no séc. XI a.C., dirigidos por Moisés, os Hebreus conseguem evadir-se, atravessam o Sinai, sobem os montes Moabe, na Transjordânia (actual Jordânia). Segundo a Bíblia, é desta época a revelação divina, através da qual se firma uma aliança entre Deus, o Único, Jeová, e o seu povo eleito, os Hebreus. Moisés, ainda segundo a Bíblia, recebe a tábua dos Dez Mandamentos, directamente de Jeová.
A partir daqui os Hebreus tomam Canaã, depois de destruírem Jericó, sob o comando de Josué. Para o efeito tiveram de franquear o rio Jordão.
Por volta de 1.200 a.C. chegam à Palestina os Filisteus (2), que se cruzaram com a gente de Canaã, por sua vez já uma mistura de povos completamente mestiçada com os Hebreus, e organizam numa confederação de Povos para entrar em disputa com os Hebreus vindos do Egipto.
Depois de muitas lutas, David, considerado o primeiro Rei dos Hebreus (1066-996 a.C.), vence os Filisteus e impôs um império hebreu que se estendia do Eufrates ao Nilo (3). No seu reinado foi tomada a cidade de Jebus (dos Jebuseus), que passou a ser designada por Jerusalém e a ser a capital dos Hebreus.
Salomão, filho de David, que lhe sucedeu como rei dos Hebreus, transformou Jerusalém na metrópole religiosa do Judaísmo (4)
Após a morte de Salomão há uma cisão entre as tribos deste enorme reino dos Hebreus que se cinde em dois: Judá e Benjamim que constituem o reino de Judá, que detém o poder sobre Jerusalém; as tribos de ISRAEL que formam o reino de Samária, entre 926 a 722 a.C. com a capital política em Sicheme (actual Naplusa).
As tribos de Israel lutam ferozmente entre si e acabam por ser deportadas para a Babilónia, depois de os Assírios e os Babilónios os atacarem e submeterem.(5)
O reino de Judá teve uma duração de 925 a 587 a.C. mas teve o mesmo destino que os de Israel, depois de duas revoltas a segunda das quais é esmagada por Nabucodonosor e durante a qual mandou arrasar o templo de Jerusalém.(6)
Depois dos Persas terem conquistado a Babilónia, em 539 a.C. o rei Ciro liberta os judeus e estes reentram na Palestina. O templo é reconstruído a suas expensas.
Depois de todas estas vicissitudes, o povo Hebreu, começa a afrontar-se por três tendências: integração, assimilação e racismo teocrático(7).
No decorrer dos 3 séculos imediatamente antecedentes a Cristo os Judeus conseguiram reconstituir praticamente todo o antigo império de David e houve inúmeros povos da zona que se converteram ao Judaísmo.
Os Romanos invadem a Palestina em 63 a.C. e ocupam Jerusalém. O célebre Herodes o Grande é quem reina no tempo em que surge Jesus.
Jesus é, então, identificado como “um certo palestiniano de fé judaica”.
Segundo algumas opiniões, só em 49 d.C. é que surgiu definitivamente o princípio da segunda religião monoteísta do Mundo: o Cristianismo. A partir duma cisão do Judaísmo.
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(1) Os que vêm da outra margem do rio já que eles transpuseram o Eufrates para se instalarem em Canaã. Do termo “ibrim” acabou por resultar no nome “HEBREUS”.
(2) Povos vindos de Creta e que fundaram as cidades de Gaza, Ascalon, Ecron e Gad ( a Pentápole). Formaram uma confederação com outros povos vindos das Ilhas do Mar Egeu a que se passou a chamar “a liga do mar”.
(3) Esta razão histórica fundamentou a teoria dos sionistas judeus que, a partir do séc. XIX, começaram a reivindicar um Estado que abrangesse toda aquela área.
(4) A primeira religião monoteísta do Mundo.
(5) Os babilónios povoaram então a Samária (reino de Israel), e mestiçaram-se com os hebreus. Estes povos, os Samaritanos, ainda têm descendentes a viver em Naplusa.
(6) O Antigo Testamento foi escrito no decorrer deste exílio.
(7) É nesta altura que se destacam dois sacerdotes que escrevem as chamadas “Crónicas”. São eles Esdras e Nehemias. É nessa data que é formulada a “Lei” que até hoje regula a vida dos judeus e do Estado de Israel: interdição do casamento misto, vida quotidiana pautada pela Lei, que os judeus são obrigados a conhecer, interpretar, explicar. Estes livros integram a “Bíblia2000” – publicações Alfa.
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(continua)

2006/07/27

HISTÓRIA da HUMANIDADE - Início


O Médio Oriente, a sua geografia política, a sua influência determinante e incontestável em toda a história da humanidade, estão na ordem do dia.
A guerra feroz e sangrenta que está em curso, que opõe o estado de Israel aos grupos guerilheiros do Hezbollah (guerreiros de Deus do Islão, de confissão xiita, a mesma que a al-Qaeda, sunita, tem atacado brutalmente em múltiplos atentados no Iraque) na parte leste (Líbano) e Hamas (Palestina), impeliu-me a procurar e rever o máximo de informação sobre esta área, mais precisamente, a parte do mundo, entre a antiga Mesopotânea (actual Iraque) e o Egipto.
De facto já está mais que provado que foi nesta parte do mundo que teve início a história do homem, as suas crenças religiosas, as suas movimentações ao sabor das guerras e do comércio e das primeiras viagens aventureiras dos navios mercantes.
O fundamental da História, a época do homem que nos marcou, divididos em variadíssimas Nações e Civilizações, até à actualidade, pode-se simplificar que começou por volta de 3.100 a.C. O Egipto e o Nilo são marcos definitivos dessa fronteira do tempo Histórico.
Não tenho em mente fazer uma narração exaustiva dos factos históricos que a humanidade viveu até à Modernidade. Nem para tal me sentiria habilitado.
Pretendo, muito simplesmente, fazer uma recapitulação de alguns factos que poderão justificar algumas das confusões e equívocos em que o homem actual vive. Para que eu próprio tente perceber as razões mais profundas de alguns dos acontecimentos mundiais da Actualidade.

Que Deus* me ajude!

*) Ora aqui está o cerne da questão!
nota: A imagem (parcial) acima consta do livro "Uma Pequena História do Mundo" de E.H.Gombrich - ed. "Tinta da China" - Maio 2006 (e-mail desta data para efeitos de autorização do seu uso neste blog)
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(continua)