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2012/09/08

Governo liquidatário de Portugal


Da época áurea dos Descobrimentos Marítimos até aos nossos dias! …

À medida que aumentava a fortuna do rei D. Manuel, também ia aumentando o tamanho da sua corte. Esta engrossou com centenas de colaboradores recrutados com direito a pensão e salários fixos. Boa parte do campo, cada vez mais despovoado, encontrava-se em pousio. A maioria dos alimentos era importada.
Do mesmo modo que os portugueses, enquanto católicos, consideravam que roubar e pilhar muçulmanos, longe de ser imoral, agradava a Deus, também surgiu, no Norte da Europa, um princípio protestante, segundo o qual os actos de pirataria contra os barcos dos católicos portugueses era um empreendimento que contava com a benção divina. Corsários vindos dos portos do Oeste de França, capturaram, durante o reinado de D. João III, mais de 300 barcos portugueses carregados de especiarias que vinham da Índia, quando navegavam no regresso na zona dos Açores, na encruzilhada entre o Atlântico Norte e Sul.
As especiarias e pedras preciosas obtidas pelo roubo acabavam por ser vendidas em concorrência desleal, o que levou os preços a baixarem drasticamente, em prejuízo dos portugueses.

Já nesta altura o Estado era obrigado a aguentar a despesa de uma marinha mal dimensionada enquanto os lucros ficavam quase empre nas mãos dos privados.
Os ricos tinham sido isentos de impostos pelo rei D. Manuel.

D. João III, como já não podia cobrar impostos a quem ainda tinha alguma capacidade financeira para tal, começou a vender títulos do tesouro no mercado financeiro de Antuérpia, sendo os juros liquidados através da emissão de novos títulos.
O rating de crédito de Portugal caiu de tal maneira que os banqueiros, em Antuérpia, exigiram uma taxa de juro de 25% ao ano. Quando D. João III morreu, em 1575, os títulos portugueses do tesouro começaram a mudar de mão até 5% do seu valor facial.

E assim terá começado a nossa desgraça. Passámos em pouco mais de um século de uma potência das mais ricas do planeta para uma situação em que ficámos nas mãos dos agiotas da alta finança internacional. A tal que enriqueceu à custa da pirataria sobre os nossos barcos de transporte de especiarias e pérolas. 
Diga-se, outrossim, que muitas dessas mercadorias a bordo dos nossos barcos que vinham da Índia, eram produto de saques a barcos e cidades muçulmanas localizadas na zona do Índico Ocidental.

Depois do desabar estrondoso do sonho megalámano de D. Sebastião, Portugal ficou completamente na penúria.

Seguiu-se o domínio dos Filipes de Espanha e consequentes tropelias e erros grosseiros de governação.

E assim fomos andando até chegarmos aos dias de hoje …

Os senhores da Alta Finança Internacional a mandarem em Portugal por intermédio do Governo de Gestão de Pedro Passos Coelho

E o resultado de todos os desmandos sobre o povo de Portugal é o que está à vista! …

Portugal, que foi o berço da primeira aldeia global, um povo que mudou o mundo, está resumido a este mísero Estado, que se limita a tentar salvar a pele dos ricos à custa do sacrifício crescente do Povo Trabalhador! 

(E saber que D. Dinis, que tão intimamente está ligado ao Castelo de Leiria, tanto se esforçou para dotar Portugal de um dos maiores e bem administrados pinhais da Europa, com cuja madeira se construíram as primeiras caravelas usadas pelos portugueses nas navegações por todo o mundo!)

Portugal, que Futuro? ...


 bibliografia:
- A primeira aldeia global: como Portugal mudou o mundo
Martin Page - ed. casa das letras -2012
@as-nunes

Ler abaixo "Discurso simplesmente vergonhoso!!!!!"

2010/04/30

Leiria - 500 anos do foral de D. Manuel I

A fundação de Leiria tem uma longa e romanesca história, cheia de incógnitas e mistério.
Uma das teorias que mais me tocam pela sua áurea de imaginário histórico, se assim nos podemos exprimir, tem a ver com a afirmação que Leiria foi fundada pelos habitantes da Vila de Eiria, no reino de Valença, trazidos por Sertório, 75 a.C. E daí vem a ligação a Viriato e a Viseu, minha terra natal. Esta hipótese é referida pelo Pde. António Carvalho Costa (Corografia Portuguesa, v. 3º, p. 66) com base em Rodrigo Mendez Silva.


De qualquer modo a única certeza provada por documentos escritos é que Leiria vem dos tempos de Afonso Henriques tendo como base que o ex-libris e símbolo desta terra, o seu Castelo, foi por si construído, o que lhe poderia proporcionar uma melhor defesa de Coimbra e uma maior aproximação das fortalezas árabes de Santarém, Lisboa e Sintra. Aliás, como é da História, Leiria foi um ponto estratégico disputadíssimo entre o nosso primeiro Rei e os Árabes. na sua resistência ao avanço dos portugueses na direcção Sul desta parte extrema ocidental da Península Ibérica. Foi assim que Leiria, como povoado, se foi desenvolvendo ao mesmo tempo que ficou sujeita a contra-ataques destruidores por parte dos Árabes, antes de terem sido obrigados a recuar inexoravelmente até à sua retirada total da Península.


Neste dia 1 de Maio de 2010 passam precisamente 500 anos sobre o dia em que  D. Manuel I concedeu o terceiro foral a Leiria
Iniciava a sua reza assim:
"Dom Manuel por Graça de Deus Rei de Portugal e dos Algarves, daquém e dalém Mar em África, Senhor da Guiné, e da Conquista e Navegação Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia, e da Índia, etc..
"A quantos esta nossa Carta de Foral, dado à nossa Vila de Leiria virem:
"Fazemos saber, que vendo nós, como o ofício do Rei, não é outra coisa se não reger bem, e Governar seus súbditos em Justiça e Igualdade... ...
... ...
Damião de Gois."
... ...
"E os termos do Relego são estes, a saber:
"Começa-se no Rio de Ulmar e na Foz de Agodim e vai-se a agua a enfesto. E sai da agua e vai-se da Lagoa de Fernão Sesta, que jaz no caminho do Coimbrão, e daí vai-se às Covas dos Lagartos, que jazem no caminho de Tomar, E atravessa a Vareja de Sirol, e daí vai-se à Cabeça do Freire e desde aí a Estrada de Torres Novas e desde aí pela estrada do Cume, que vai topar no Rio das Cortes o chamam Porto de Mem Cavaleiro, e está aí o caminho que chamam da Rutura e desde aí vai-se a uma Estrada ancha que vai pela Barreira e vai tomar pela Carreira do Paço e desde aí atravessa o Ribeiro e vai-se do Vale da Sobreira e desde aí sai-se dele, e vai-se à Codiceira e desde aí à Água do Foradouro, e desde aí vai-se por ela ao sopé, e topa no Rio Dalpentende, e vai por ele, e desde aí sai-se dele, e vai-se à Codiceira, e desde aí a uma Cabeça que chamam de mel e manteiga que está a par da Cabeça de Alcogulhe descontra Leiria, e desde aí vai-se à Mata do Esprital que chamam de Cascar alto, e desde aí pela Marinha, e vai-se ao Ribeiro daquem de Amor, e vai-se meter no Rio de Ulmar.
"E fora destes Termos e divisões, não haverá Relego."
... ... ...
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Ver vol I- 2ª Ed. revista e aumentada de "Anais do Município de Leiria", João Cabral - ed. CML 1993 -


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