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2012/08/11

Nazaré: Ronda Literária Feira do Livro 2012

Na sua terceira edição, esta iniciativa procura conjugar o prazer da tertúlia literária e gastronómica com a descoberta de espaços particulares que abrem as portas aos visitantes, permitindo-lhes um momento único de confraternização e descoberta.(biblioteca da Nazaré)
 No 1º ponto de encontro, num café-bar junto à capitania do porto da Nazaré e à Igreja da paróquia.
 No 2º ponto fomos surpreendidos pela presença de Fernando Pessoa, numa casa particular, onde se disse muita poesia.
 Ainda no 2º ponto da Ronda.
 Já no 3º ponto, noutra casa particular, o Diretor da Biblioteca, Alexandre Isaac, no controlo das operações e grande animador desta iniciativa. Aqui foi projetado um excelente vídeo amador, montagem do próprio Alexandre, em que se interligam belas imagens da Nazaré com muita poesia dita com classe e sentimento.
A Zaida a dizer um poema de Jorge de Sena:

... um Portugal que permanece o mesmo


2º de dois poemas:

De cada vez que um governo necessita de segredos,
por segurança do Estado
ou para melhor êxito
nas negociações internacionais,
é o mesmo que negar,
como negaram sempre desde que o mundo é mundo,
a liberdade.

Sempre que um povo aceita que o seu governo,
ainda que eleito com quantas tricas já se sabe,
invoque a lei e a ordem para calar alguém,
como fizeram sempre desde que o mundo é mundo,
nega-se
a liberdade.

Porque, se há algum segredo na vida pública
que todos não podem saber
é porque alguém, sem saber,
é o preço do negócio feito.
E se há uma ordem e uma lei que não inclua
mesmo que seja o último dos asnos e dos pulhas
e o seu direito a ser como nasceu ou o fizeram,
a liberdade
é uma farsa,
a segurança
é uma farsa,
a ordem é uma farsa,
não há nada que não seja uma farsa,
a mesma farsa representada sempre
desde que o mundo é mundo,
por aqueles que se arrogam ser
empresários dos outros
e nem pagam decentemente
senão aos maus actores.
-
@as-nunes 

2011/08/13

Biblioteca da Nazaré - Ronda Literária











Ontem, participámos dum evento interessantíssimo. O grupo, previamente organizado pela Biblioteca da Nazaré (75 anos de existência, com uma original história de intervenção cívica e cultural a contar), saiu do Centro Cultural da Nazaré sob a orientação do Alexandre (pode ser que ainda venha a ter oportunidade de o conhecer melhor) e a ronda pelas ruas e ruelas da Nazaré lá prosseguiu até que nos juntamos no acanhado mas extraordinariamente acolhedor espaço da Biblioteca. Numa salinha com livros e mais livros, uma mesinha pequenina para que não fosse retirada muita área àquele romântico espaço, fomos surpreendidos com uma voz feminina a ler-nos um excerto dum trecho literário, em contraluz difusa, vultos e literatura a emergir da alma dos escritores de todos os tempos...

Dali seguimos para uma casa particular, interior de pequenas dimensões físicas mas extraordinariamente amplo na variedade do seu ambiente de autêntico museu, a respirar uma perfeita simbiose entre gosto pela cultura e profundas ligações à poesia popular e à luta política. Falou-se, de raspão, de Saramago e de Manuel da Fonseca. Fiquei com curiosidade de aprender mais...
Ali contactámos com a figura física de Bocage, que nos disse da sua inimitável veia poética.
E continuou a ler-se variada poesia...

A ronda acabou no acolhedor jardim da casa do snr. Virgílio. Fomos recebidos com uma amabilidade extrema e num ambiente exemplarmente propício ao momento.
Continuou a ler-se poesia:
Eugénio de Andrade, Bocage, Acácio de Paiva (li o soneto "O Banheiro"... humor e ironia apropriados ao local em que nos encontrávamos, mesmo que escrito, provavelmente, nos primórdios do século passado) e tantos outros poetas... 
(Ary dos Santos, Manuel da Fonseca, António Ramos Rosa, Soares Duarte, Sophia de Mello Breyner, Zaida Paiva Nunes, Herberto Helder, David Mourão Ferreira etc. etc. que não fiquei com os nomes todos como se teria justificado - é que participar e fazer a reportagem não é fácil...).

Um serão perfeito...
Gostei. Muito!


Edição ne varieteur
@as-nunes
Posted by Picasa