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2010/12/11

Leiria: Livros e Encadernadores

Descobri, há dias, na net, o blogue duma oficina de encadernação tradicional, actualmente ainda em actividade, graças à persistência de, provavelmente, dois dos mais antigos encadernadores de Portugal. De Leiria, certamente. 
Ou não fosse esta uma das terras portuguesas mais ligadas a livros, primeiras tipografias, encadernadores artistas!
O filho do Sr. Florindo Simões, o snr. Carlos Simões, o remetente do postal acima, em que nos (a família de José Teles de Almeida Paiva) ofereceu, de sua livre e espontânea iniciativa, encadernado a rigor, o livro que eu e a minha mulher, Zaida, escrevemos em Fevereiro de 2004, com o qual pretendemos prestar a nossa homenagem à memória de um homem que marcou uma época da cidade de Leiria e das instituições principais da sua Câmara Municipal.


É uma raridade e um privilégio viver paredes meias com artistas deste quilate. 


Referências a este livro podem ser consultadas no link atrás indicado.
Já que estamos a falar de livros: ao consultarem o link deste livro, serão confrontados com uma base de dados de uma biblioteca particular. Este trabalho está em curso, muito incompleto, por isso.
Ainda há muitas obras literárias, jornais e revistas para registar e catalogar. Não sei mesmo se terei tempo de vida e paciência para completar este trabalho em que me meti...
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2010/06/06

LEIRIA: O Couseiro, quem o escreveu?

Manuscrito de O Couseiro, oferecido à Câmara Municipal de Leiria, em 1975. Era Presidente da sua Comissão Constitutiva o então Coronel Carvalho dos Santos.
Frontispício da 1ª Edição do mesmo livro, também pertença da Biblioteca Afonso Lopes Vieira, Leiria.

Leiria. Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira. Apresentação do livro de Ricardo Charters D´Azevedo, "Quem escreveu O Couseiro?".
Na mesa, da esquerda para a direita: Carlos Fernandes, Director da Editora Textiverso - Leiria, Engº Ricardo Charters, Prof. Dr. Saul António Gomes, historiador da Universidade de Coimbra e Dr.Gonçalo Lopes, vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Leiria.

Sessão muito animada abordando um tema extraordinariamente interessante do ponto de vista da investigação histórica e literária. Trata-se de apresentar o primeiro ensaio credível para se tentar perceber e ficar a conhecer as origens autorais do mais antigo e melhor informado documento histórico do séc. XVII sobre a região correspondente aproximadamente à actual zona geográfica da Diocese de Leiria. Esse documento, no original, sabe-se que há-de ser um manuscrito escrito há cerca de quatrocentos anos, durante os reinados de Filipe III (Filipe IV de Espanha) e de D. João IV, o incontornável O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, "o livro mais notável da bibliografia leiriense".

O autor do presente trabalho, arrojado e provocador, promove na defesa das suas teorias cinco ideias fundamentais:

1) O autor do manuscrito de O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria é desconhecido;
2) As cópias que hoje existem tiveram como base outras cópias e inevitavelmente terão erros de transcrição;
3) Os estudos levados a cabo indicam que esse manuscrito terá duas partes distintas, que se poderão atribuir a primeira a António Couceiro, Provedor da Comarca de Leiria e a segunda ao Deão da Sé de Leiria, que terá nele feito os seus registos entre 1651 e 1660;
4) Existem três edições impressas até hoje que contêm muitos erros e imprecisões;
5) Justifica-se plenamente uma 4ª edição anotada e com base num trabalho aprofundado e com apoio de Académicos de reputado perfil na matéria de investigação histórica.

A dado passo do seu livro, Charters d´Azevedo escreve: "Vemos assim que as três edições acima mencionadas são diferentes, pois cada uma tem acrescentos e adendas diferentes, mas todas dizem reproduzir, o mais fielmente possível, um manuscrito, que não é o original, pois não o encontraram."

Para se poder aquilatar do extraordinário interesse deste manuscrito basta dizer do facto de a consulta do seu conteúdo, seja através das cópias manuscritas seja das versões impressas (esgotadas, claro está), ser absolutamente imprescindível para quem pretender investigar sobre a história de Leiria do séc. XVII.(*)

Partindo destas premissas, Ricardo Charters remata, desafiando a Câmara Municipal de Leiria e os estudiosos da bibliografia leiriense a prosseguirem este seu ensaio com as hipóteses por si aventadas e agora apresentadas à discussão pública neste seu notável livro.
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(*) Livros de consulta obrigatória nas investigações sobre Leiria (e o seu distrito): Anais do Município de Leiria, de João Cabral; Monografia de Leiria, a Cidade e o Concelho ou LEIRIA - Subsídios para a história da sua Diocese, ambos de Afonso Zúquete; Introdução à História do Castelo de Leiria, de Saul Gomes, Villa Portela, os Charters d´Azevedo em Leiria e as suas relações familiares (séc. XIX), de Ana Margarida Portela, Francisco Queiroz e Ricardo Charters, entre outros igualmente merecedores de relevo.
* Na Bibliografia deste último, "Villa Portela" pode ler-se a referência ao livro do autor deste blogue, "Caminhos Entrelaçados - na freguesia da Barreira-Leiria", ed. da Junta de Freguesia - 2005.

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2008/09/23

ADEUS A LEIRIA vindo de Aveiro

José Reinaldo Rangel de Quadros Oudinot foi um emérito investigador e divulgador da história de Aveiro e dos seus homens ilustres, nasceu e morreu nesta cidade, respectivamente em 19 de Março de 1842 e 22 de Julho de 1918. (1)
Foi professor, historiógrafo, dramaturgo, poeta e jornalista.
Disponho-me a esboçar alguns traços da sua personalidade, em circunstâncias meramente acidentais, se bem que, depois de ter tomado conhecimento mais profundo da sua vida e obra, tenha que o incluir no rol dos que vale a pena recordar e, dessa forma, estudar para com ele aprender facetas importantes da vida do homem ao longo dos tempos.
Acontece que, recentemente, recebi um e-mail do meu querido amigo António Leite, que conheço só por via da internet e da sua amabilíssima atenção que me tem prestado naquilo que vai encontrando em livros antigos (julgo ser bibliófilo, que me desculpe esta mera suposição) e que, como que por empatia natural, vêm precisamente ao encontro do meu manifesto interesse em determinados temas que tenho vindo a abordar no meu blogue “dispersamente”.
A última novidade que me fez o favor de enviar tem a ver com o “Novo Almanach de Lembranças Luso-Brasileiras” – edição de 1902 no qual descobriu um soneto de Samuel Maia(2) e um poema em III cantos, “Adeus a Leiria” de Rangel de Quadros.
Estes dois poemas tocam-me particularmente: o soneto “Esquecimento” de Samuel Maia por se tratar de um ilustre médico, vinicultor e homem de letras que já por diversas vezes aqui tive o privilégio de referenciar (além do mais é natural do Casal - Ribafeita e lá teve uma Quinta, de S. João, ponto de referência obrigatório); o poema de Rangel de Quadros por se referir a Leiria e nele esta terra secular e minha adoptada, ser cantada com a maior das doçuras e encantamentos.
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Passo a transcrever a I parte do poema de Rangel de Quadros:

ADEUS A LEIRIA

Vou deixar-te, Leiria formosa!
Vou deixar teus jardins florescentes
E estas margens formosas, virentes,
Do teu brando e poético Liz!
- Vou! Adeus, alameda frondosa!
E por mim serão sempre lembrados
De Leiria os outeiros e prados,
Onde os dias passei tão feliz!
.Quantas noites passei gratamente
Junto aos choupos do lindo passeio!
Como ali procurava o meu seio
Um prazer innocente encontrar!
- Como é grato escutar na corrente
Os murmúrios do teu brando rio,
N´essas noites suaves do estio,
N´essas noites de puro luar!
.Vou deixar-te, castello vetusto,
Que me fazes trazer á memória
Esses tempos de fama e de glória,
Em que o mouro cedeu ao christão.
- Tu já foste gigante robusto,
Protector d´esta heróica Cidade,
Que em ti vê, com bem justa vaidade,
D´essa gloria um famoso padrão.

…………….
II


(1) “Apontamentos Históricos” de Rangel de Quadros . Ed. Da Câmara Municipal de Aveiro – 2000; O espólio de Rangel de Quadros, ficou cuidadosamente guardado pela sua sobrinha, a sra. D. Maria Gabriela Oudinot Larcher, residente em Leiria, que o depositou na Biblioteca Municipal de Aveiro, tendo a Câmara Municipal assumido o compromisso de ir publicando a obra de sei tio.
(2) ver índice temático (tag Samuel maia)
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