2009/06/10

Festa dos Portugueses onde quer que vivam




CAMÕES E A TENÇA

Irás ao Paço. Irás pedir que a tença
Seja paga na data combinada
Este país te mata lentamente
País que tu chamaste e não responde
País que tu nomeias e não nasce
.
Em tua perdição se conjuraram
Calúnias desamor inveja ardente
e sempre os inimigos sobejaram
A quem ousou seu ser inteiramente
.
E aqueles que invocaste não te viram
Porque estavam curvados e dobrados
Pela paciência cuja mão de cinza
Tinha apagado os olhos no seu rosto
.
Irás ao Paço irás pacientemente
Pois não te pedem canto mas paciência
.
Este país te mata lentamente

.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
(Porto, 1919-2004)
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3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada,António,por ter trazido o
poema de Sophia.
Um dos que mais gosto.
Beijo.
isa.

Menina Marota disse...

Reler Sophia de Mello é sempre um prazer.

Grata por a partilhares.

Um abraço saudoso para ti e tua Esposa Zaida ;)))

Adelaide disse...

Querido Amigo António,

Se a contenda blogsférica já passou
nada melhor do que se refugiar no seu cantinho preferido.É seu, é o seu refúgio e depois sabe-lhe tão bem ir até lá para rever os seus trabalhos que lhe dão prazer e orgulho. Isso acontece comigo uma vez que também me virei com mais afinco para os meus espaços.

Obrigada por tão belo poema e pela sua simpática visita ao meu CRESPÚCULO.

BEIJINHOS

MARA