2007/01/24

Os tempos heróico/românticos da Tipografia

- actualizado em 31/1/2007)


(Uma das faces (repare-se no pormenor dos versos humorístico/publicitários) de um calendário de 1931 que a tipografia "Imprensa Comercial" oferecia aos seus clientes e público em geral)


Pretenderam as gentes de Leiria, em tempos, a honra de nesta cidade ter sido instalada a primeira tipografia, o que não corresponde à realidade como já está documentado . Essa glória cabe a Faro.
Caberá, de facto?
(parte de um painel de azulejos afixado na actual Rua da Tipografia, numa parede exterior da Igreja da Misericórdia, em Leiria)

De qualquer modo, em Leiria, apenas cinco anos passados, estávamos então em 1492, foi instalada a tipografia de Samuel d´Ortas e Filhos na, hoje, Travessa da Tipografia, bem perto do Largo da Sé. Aí se imprimiu o livro "Provérbios de Salomão". Mais tarde, "Os Profetas Primeiros" encomendado pela comunidade judaica. Seguiu-se a publicação de as "Tavulas Astronómicas" de Abraão Zacuto, em 1496, que foram utilizadas por Pedro Álvares Cabral na sua viagem de descoberta do Brasil.

(Evoluída, sítio da criação do primeiro moínho de papel e de uma das primeiras tipografias da península, é em Leiria que vem à luz do dia a primeira obra impressa em português, o Almanach Perpetuum de Abraão Zacuto, corria o ano de 1496. Uma vez mais importante e sem o saber, dava à luz as tábuas de navegação com que o Gama leu o caminho para a Índia.) (in) (actualização em 26/1/2007).

Saltando agora no tempo, vamos para 1903. Largo da Sé. Edifício onde funcionou, no primeiro andar, a Administração do Concelho, cujo primeiro Administrador foi Eça de Queirós.

(A casa dos Paivas, "Pharmácia Paiva", fica situada mesmo defronte desta esquina, no Largo da Sé. Quer uma quer outra, foram locais fundamentais onde se desenrolou uma boa parte da trama do célebre romance de Eça de Queirós, "O Crime do Padre Amaro").



No rés-do-chão surgia a "Imprensa Comercial", hoje "Tipografia Carlos Silva".

...




A Tipografia foi fundada em 1903 pelo snr. Carlos Silva, a que se seguiu seu filho, Carlos Silva e, mais tarde o seu neto, Carlos Silva, actual proprietário.



Atente-se na forma e no estilo da publicidade da época, com a figura do ardina em grande evidência. Não nos podemos esquecer que os jornais e revistas da região de Leiria eram impressos nestas tipografias e, em muitos casos, a distribuição era feita por seu intermédio.


Espero que tenham apreciado esta pequena resenha.

7 comentários:

Guilherme Roesler disse...

Bons tempos...

a d´almeida nunes disse...

Bons e velhos tempos. O livro, o jornal e a revista eram acarinhados, tratados com desvelo.
Hoje, a informação desmesurada e incontrolável, e os seus suportes desmateriais estão a dar cabo do pensamento!
Será que o Homem vai ser capaz de redescobrir um rumo para a sua vida?
Ou terão as próximas gerações que pensar em emigrar para outras galáxias?
Pelo livro, pelo pensamento libertário rumo à independência do Homem!

zé lérias (?) disse...

Meu bom amigo António:
Tenho andado "dispersado" daqui, mas só quanto a comentários. Muitas das vezes prefiro mais gastar o tempo lendo (pondo em dia as coisas que tem interesse nos blogues- como é o caso) do que propriamente deixar opinião. Mas é uma ingratidão proceder sempre assim. Afinal, eu próprio gosto de saber o que pensam os visitantes sobre o que eu posto.

O caso do cartaz do Bloco está de facto mal situado enm termos estéticos, como a grande maioria deles por esse país fora. Não me lembro se há algum país europeu onde hajam normas que determinem os locais (determinados) onde os mesmos devem ser colocados. Também não estou em condições de saber se essa eventual imposição vai ou não contra aquilo a que nos "obrigaram" a chamar democracia. Mas a mim parecía-me bem saber que, fora de determinados locais destinados ao efeito, os partidos, ou pessoas em nome individual ou colectivo eram sujeitas a fortes penalizações.

Ainda sou do tempo em que em Leiria não existia uma sala de cinema digna desse nome, porém ,graças ao benemérito José Lucio Silva a capital do Distrito passou a ter uma das mais bem equipadas salas de espectáculos depois dos meados dos anos 6o.
E ainda bem que agora a sua requalificação promete oferecer-nos as melhores condições para aí disfrutarmos alguns momentos de grande prazer cultural e não só.

Fiquei deliciado com as imagens sobre a tipografia Imprensa Comercial. Que já em 1931 fazia impressão a cores!...
Se aqui não tivesse vindo também não sabia que Leiria foi a 2ª cidade a ter uma tipografia em Portugal.

Parabéns pelo seu trabalho e receba um forte abraço.
gil

Chanesco disse...

Meu caro António

Com pequenos recortes se vai construindo a história de uma cidade.
Um pormenor me chamou à atenção no cartaz de 1935: um nº de telefone com apenas três digitos (194).
Na era dos foguetões, onde que isso já vai?

Abraço e boa semana.

Al Cardoso disse...

Ao predio bem falta lhe fazia uma restauracao cuidada!

Magnifica pilastra de esquina!

Um abraco e bom fim de semana.

Tozé Franco disse...

Viva a liberdade de expressão!...
Gosto de fazer o que apregoo e não parecer o Frei Tomás...
Mudando de assunto, gostei dos cartazes....
Um abraço.

Anónimo disse...

Passei para ver o blogue e como sempre apreciei-o, desta feita com este interessante artigo bastante informativo.